Vestidas de branco e com uma fita vermelha que
cruza o peito, envolve a cintura e termina com um laço sobre a anca, Mónica
Monteiro e Zulmira Graça destacam-se da multidão que fervilha junto à entrada
da Mata Nacional dos Sete Montes, em Tomar. A indumentária indica que vão
transportar tabuleiros no Cortejo dos Tabuleiros, o evento principal da Festa
dos Tabuleiros, que de quatro em quatro anos torna a cidade templária local de
visita obrigatória.
Da
freguesia de Olalhas, Mónica Monteiro vai transportar pela primeira vez um
tabuleiro. A três horas do início do cortejo, à porta do local onde se
encontram os 748 tabuleiros que vão desfilar pelas ruas de Tomar, esta jovem
admite a sentir o peso da «responsabilidade e algum nervosismo», mas assegura
que «com calma e concentração» a missão será bem sucedida.
Para
conseguir transportar um tabuleiro de 16 quilos num percurso de cerca de seis
quilómetros, treinou algumas vezes e, para o caso de sentir dificuldades,
conta, à semelhança das outras participantes, com o apoio da companhia
masculina.
Por seu
turno, Zulmira Graça, da mesma freguesia, vai participar pela quinta vez no
desfile, com «espírito de sacrifício» e amor por uma festa pela qual se
confessa «doente». «É uma emoção muito grande poder participar», afirma ao
“Sempre Prontos para Passear”.
O
contributo que deu para esta festa incluiu fazer um número astronómico flores
para enfeitar quatro tabuleiros e para ornamentar uma rua da cidade, num
trabalho que durou oito meses. Todo o esforço vale a pena quando as ruas ficam
enfeitadas, os tabuleiros prontos e a cidade cheia de visitantes. «É uma emoção
que não tem explicação», diz.
Os
tabuleiros e as ruas engalanadas com milhões de flores de papel são dois dos
elementos centrais nestes festejos, que terão origem na festa das colheitas em
honra da deusa romana Ceres. No actual formato, como se pode ler no site da
Câmara de Tomar, a «sua origem remonta ao Culto do Espírito Santo, instituído
no século XIV», pelo que também é conhecida por Festa do Espírito Santo.
O programa
incluiu, no dia 30 de Junho, o Cortejo dos Rapazes, uma tradição retomada na
festa de 1991, em que as crianças transportaram os emblemáticos tabuleiros,
adaptados ao seu tamanho.
O momento
alto foi, sem dúvida, o Cortejo dos Tabuleiros, no passado domingo, dia 7 de
Julho, que este ano terá levado a Tomar cerca de 600 mil pessoas, incluindo o
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo o
site da Câmara de Tomar, o tabuleiro «deve ter a altura da rapariga que o
carrega. Ornamenta-se com flores de papel, verdura e espigas de trigo. É
constituído por 30 pães de formato especial e 400 gramas cada, enfiados
equitativamente em 5 ou 6 canas. Estas saem de um cesto de vime envolvido em
pano bordado e são rematadas, no topo, por uma coroa encimada pela Cruz de
Cristo ou Pomba do Espírito Santo».
A
distribuição do Bodo ou Pêza aos mais carenciados, com a carne, pão e vinho a
serem transportados por juntas de bois, decorreu na segunda-feira, dia 8 de
Julho, no último momento simbólico dos festejos que aspiram a ser património
nacional e, posteriormente, património imaterial da humanidade.
Veja as
fotos do nosso périplo por Tomar na página do Sempre Prontos para Passear no Facebook e marque na agenda que a Festa dos Tabuleiros
regressa daqui a quatro anos... Deixamos também um conselho: para fugir à multidão
que se acotovela nas ruas e ver o Cortejo do Tabuleiros sem problemas, vale a
pena comprar um lugar nas bancadas.
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