30.4.19

Fomos até à Lisboa que vemos na televisão

Quantas vezes somos turistas na nossa própria cidade? Sempre que partimos à (re)descoberta da nossa terra, acabámos deslumbrados com o que encontrámos. Por isso, no dia 25 de Abril, saímos de casa logo pela manhã para aproveitar as várias actividades que Lisboa tinha para oferecer.


Começámos o percurso pela Câmara Municipal de Lisboa, que estava de portas abertas para receber os visitantes. Lê-se no folheto informativo que nos foi dado que, depois de um incêndio ter destruído o imóvel que havia, a construção do actual edifício dos Paços do Concelho decorreu entre 1864 e 1880, segundo um projecto de Domingos Parente da Silva, sendo a fachada da autoria de Ressano Garcia e o frontão triangular dessa fachada uma composição de Anatole Calmels.

Um novo incêndio atingiu os pisos superiores do edifício em 1996, tendo a reconstrução sido pautada por «uma aproximação ao projecto inicial», mas «dotando os espaços institucionais de um perfil funcional e personalizado».

No rés-do-chão, na recepção, começámos a visita a destacar o tecto. Seguimos em direcção à Sala do Arquivo, onde apreciámos as estantes de madeira repletas de livros com aspecto antigo, protegidos por vidros, e o tecto abobadado de onde pendem candelabros. Fomos, posteriormente, ver a Sala das Sessões Públicas, onde se sobressai mais uma vez o tecto trabalhado e os quadros nas paredes.


Um dos elementos mais impressionantes do imóvel é a escadaria de acesso à galeria do andar nobre, em mármore marfim, e lá em cima, no tecto, a cúpula com um rica decoração.



Percorremos as salas, com paredes e tectos impressionantes, mas o mais surpreendente é mesmo o salão nobre, em que o esplêndido tecto, os quadros e os fogões em mármore de Carrara deixam o visitante inebriado pela profusão decorativa.


Saímos, então, até à varanda onde a 5 de Outubro de 1910 foi proclamada da República, decorada com os cravos do 25 de Abril.


Depois desta visita, onde recebemos um cravo vermelho, cumprimos um dos nossos rituais sempre que vamos até à Baixa lisboeta: rumámos até à movimentada Rua Augusta para comer gofres (waffles) na Pastelaria Néné. Simples ou com topping de morango, que pedimos sempre, são deliciosos.

Seguimos para a 5.ª Festa da Arqueologia, no MuseuArqueológico do Carmo, um evento trienal de divulgação da actividade arqueológica nacional, desta feita subordinado ao tema “Revoluções e Resistências – Das origens à revolução industrial”, com entrada livre.


Uma das actividades mais interessantes em que participámos foi num “jogo” pensado para as famílias, intitulado “Acorda Museu!!!”, que consistia em percorrer as diferentes salas do Museu e responder a questões sobre o espaço museológico. Motivar as crianças para apreciarem museus, ainda para mais de arqueologia, pode ser complicado, pelo que esta estratégia está muito bem conseguida, na medida em que estimula o espírito de descoberta e de competição. Como brinde, recebemos “O Pequeno Grande Guia do Museu Arqueológico do Carmo”, escrito de uma maneira simples, com o design atractivo, que resume as aprendizagens desta visita.

O edifício onde está instalado o museu foi a antiga Igreja de Nossa Senhora do Vencimento do Monte do Carmo, construída entre 1389 e 1423. O edifício foi parcialmente destruído pelo Terramoto de 1755 e só ganharia nova vida em 1864, com a abertura do Museu Arqueológico do Carmo, pela mão da Real Associação de Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses.

Para além de verem as ruínas da igreja, os visitantes são levados por um percurso por cinco salas: pré-história; romano e islâmico; idade média e moderna; biblioteca e gabinete das múmias; e o museu como máquina do tempo. As múmias (sim, múmias...), os túmulos e os achados da escavação arqueológica em Vila Nova S. Pedro são os elementos que mais nos impressionaram, num museu para explorar com calma e em família. Recomendamos vivamente.

Nesta visita, trouxemos material para explorar outras instituições: Museu da Água (Lisboa), Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas (Sintra) e Museu de Mértola (Alentejo) despertaram-nos muita curiosidade. O interesse foi tanto que até nos inscrevemos numa actividade num deles, que vamos contar dentro de dias...

Como já era hora de almoço, a conselho do membro júnior do blog, pusemos os pés ao caminho pelo centro de Lisboa e fomos comer comida italiana ao Prima Pasta (rua da Madelena). Aproveitámos para, a pouca distância, apreciar o portal manuelino de Nossa Senhora da Conceição Velha, mas não tivemos oportunidade de rever o interior da igreja, porque estava encerrada.


Depois de almoço, nada como aproveitar o bom tempo e gastar calorias numa caminhada até ao Palacete de S. Bento e à Assembleia da República. Começámos pela residência oficial do primeiro-ministro, onde pudemos apreciar os jardins e participar em algumas das actividades preparadas para assinalar o 25 de Abril.


Seguimos, depois, para a Assembleia da República, sobretudo para mostrar ao petiz os espaços emblemáticos da “casa da democracia” que diariamente vemos na televisão, designadamente o hemiciclo, o senado, os passos perdidos e a sala das comissões de inquérito, entre outros. Sentados nos lugares dos deputados, surgiu-nos uma dificuldade: como explicar a uma criança de 11 anos que há, por exemplo, quem, ali, pinte as unhas durante o debate do Orçamento do Estado?


Estávamos de regresso a casa quando avistámos, no topo da Rua do Vale, uma igreja à qual nunca tínhamos ido. E lá fomos nós rua acima... O desvio valeu a pena porque se tratava da Igreja de Nossa Senhora de Jesus/Igreja Paroquial das Mercês.



O site da Direcção-Geral do PatrimónioCultural indica que este é um templo de «arquitectura maneirista e barroca (sécs. XVII-XVIII)», que «foi alvo de diversas campanhas de obras que lhe alteraram o projecto inicial, nomeadamente após o terramoto de 1755, quando parte significativa da sua estrutura foi seriamente danificada». Para além da fachada, vale a pena ver o interior, onde se destacam os altares e o tecto trabalhado.


Para terminar o dia, fomos em busca de uma das nossas paixões, as tripas de Aveiro, num estabelecimento que abria precisamente naquele dia, o Sabores de Aveiro (rua Conde Almoster). Este último percurso foi feito de carro, depois de 13,5 km a pé...

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22.4.19

Paris dos impressionistas

Quando estamos em viagem, o tempo voa. Sem darmos conta, chegámos ao quinto e último dia em Paris. Deixámos para o fim um “peso pesado” da cidade: o Museu d'Orsay (14 euros). Acordámos cedo, fizemos o nosso passeio pela margem do Sena, apreciando as pontes sem a habitual multidão, e conseguimos ser dos primeiros de uma fila que foi engrossando à medida que a hora da abertura se aproximava.


Instalado numa antiga estação de comboios, este museu tem uma importante colecção impressionista. O Museu d'Orsay é, basicamente, o paraíso da terra para apreciadores de nomes como Manet, Monet, Renoir, Cézanne, Van Gogh ou Gauguin (o Miguel é um deles).

Para os mais curiosos, sim, é verdade, é este o museu que alberga a polémica obra “A origem do mundo”, de Gustave Courbet, quando esta não está em itinerância (como aconteceu aquando da nossa visita).

Reserve bastante tempo para esta visita, uma vez que a manhã que nós lhe dedicámos soube a muito pouco.


Depois do deleite com as obras de arte, veio um dos prazeres mais sublimes de Paris, os crepes, que comemos todos os dias, sempre comprados no mesmo sítio, na rua de la Huchette, em pleno coração do Quartier Latin, e uns momentos numa esplanada com vista para Notre-Dame, imagem que guardaremos para sempre na memória.

A viagem não poderia ter terminado melhor do que com o ansiado reencontro com uma querida amiga de longa data e com o maravilhoso almoço que nos ofereceu: moules e boeuf bourguignon, com vinho francês a acompanhar, bolo e patisserie française. Esta foi a receita perfeita que nos faz querer voltar para agradecer e descobrir a cidade que há para além das atracções turísticas que vimos desta vez.

Ao longo dos dias mantivemos a impressão que Paris é uma belíssima cidade monumental, de céu sempre rasgado pelas marcas dos aviões, em que é fácil soltar exclamações de admiração a cada esquina.

Ao mesmo tempo, é uma urbe de tal forma turística que não conseguimos vislumbrar o estilo parisiense no meio de tantas pessoas de todos os cantos do mundo. Vimos, por exemplo, um número arrepiante de mulheres de sandálias, sem meias, com temperaturas próximas dos zero graus...


Para além disso, “Paris, a cidade dos cadeados” é o epíteto que melhor traduz a dimensão desta praga, que faz com que haja cadeados em todos os lados, até em arbustos!

21.4.19

Paris das quimeras


Fomos conhecer Paris e já contámos no post anterior os dois primeiros dias na capital francesa. Continuando a explorar a cidade, o terceiro dia da nossa viagem, que decorreu em Fevereiro, foi reservado para o Museu do Louvre. Apesar de termos adquirido previamente os bilhetes (17 euros), acordámos cedo com medo das filas. O receio tinha fundamento, porque ainda antes da hora de abertura do museu já havia um aglomerado substancial de turistas à espera para entrar.

Uma pessoa sabe que o Museu do Louvre é gigante, mas só quando se está lá dentro é que o cérebro começa a processar o que são quilómetros, quilómetros e quilómetros de impressionantes obras de arte para todos os gostos.

As obras mais famosas, como a Mona Lisa, reúnem uma multidão à sua volta, com filas de perder de vista para se conseguir tirar a foto da praxe, mas neste museu há imensas coisas igualmente (ou até mais) interessantes para apreciar sem perder tempo à espera...

A estratégia que seguimos foi ir ver a Mona Lisa logo no início da visita, quando ainda estava pouca gente. Ficámos, então, com o resto do dia para nos maravilharmos a cada nova sala onde entrávamos. Com muita pena nossa, a parte da arte egípcia estava encerrada, pois isso... vamos ter que voltar!

O quarto dia, começou com a visita a Notre-Dame de Paris, o templo gótico que o mundo inteiro chora por ter sido devastado por um violento incêndio na passada segunda-feira (15 de Abril). A entrada na catedral que começou a a ser construída em 1163 era gratuita, mas a subida às torres era paga (10 euros o bilhete normal ou 15 euros o bilhete conjunto com a Conciergerie) e sujeita a marcação numa máquina localizada na parte lateral do edifício ou através da app “JeFile”.


Mesmo que não tivesse acontecido a tragédia, este seria sempre um ponto marcante da viagem a Paris. Tudo na catedral nos marcou, desde o seu interior, sobretudo os fabulosos vitrais, até à subida às torres, impressionantes pela proximidade com as emblemáticas quimeras e gárgulas e pela vista que se tem sobre a cidade. Ainda não acreditamos que o pináculo gigante já não existe...

A poucos metros da catedral existe a cripta arqueológica de l’Île de la Cité (8 euros), que passa despercebida a muitos turistas, mas que merece uma visita atenta porque nos transporta no tempo, até ao passado de Paris. A entrada incluiu a visita à exposição temporária “L’or du pouvoir – de Jules César à Marianne”, pensada para ser didáctica para todas as idades.

A pouca distância de Notre-Dame, tivemos a maior surpresa de toda a viagem: a Sainte-Chapelle (comprámos o bilhete de 15 euros com entrada conjunta na Conciergerie), mandada construir pelo rei Louis IX para albergar relíquias da Paixão de Cristo, estando actualmente no meio do Palácio da Justiça.

Depois de se percorrer o espaço onde está a loja, a Chapelle Basse, outrora usada pelos serviçais, sobe-se uma pequena escada para chegar à  Chapelle Haute (reservada à família real) e... fica-se estarrecido com a beleza de 15 vitrais que retratam 1113 cenas bíblicas. Todas as palavras parecem insuficientes para descrever a beleza dos vitrais e da rosácea gigante, obras meticulosamente trabalhadas. É obrigatório ver, porque é deslumbrante.

De realçar a presença constante da Flor de Lis (símbolo da monarquia francesa) e do castelo de Castela (símbolo da mãe de Louis IX). Na visita a este espaço, incomodou-nos andar em cima de pavimento com elementos decorativos a desvanecerem-se. A Sainte-Chapelle acolhe uma temporada musical, de Março a Outubro, por isso teremos que lá voltar...

Seguimos para a Conciergerie, espaço que também fazia parte do antigo Palácio da Cidade. A visita a este local é uma espécie de aula de história francesa, uma vez que ali funcionou uma prisão, onde esteve Marie Antoinette antes de ser executada. Se tiver de fazer opções por causa da falta de tempo, tem monumentos mais interessantes do que este para visitar.

Um dos momentos mais aguardados por quem está pela primeira vez em Paris é o passeio de barco pelo rio Sena (os bilhetes da Sainte-Chapelle, Conciergerie, Notre-Dame, Panthéon e Castelo Vincennes dão um desconto de dois euros nos barcos Les Vedettes du Pont-Neuf, sendo que os bilhetes do barco também dão direito a descontos nas entradas dos monumentos). Para além de se ver Paris numa perspectiva diferente, esta viagem permite ficar a conhecer algumas curiosidades sobre a cidade. A repetir, mas para a próxima vez de noite.

A parte final da tarde e início da noite foi aproveitada para sentirmos o pulsar da cidade, deambulando sem pressas pelas ruas, num percurso que nos levou a locais como Les Halles e Pigalle (onde fica o conhecido Moulin Rouge).

Veja as fotos na nossa página no Facebook. Amanhã contamos o resto da viagem...


Paris dos enamorados

Quando visitamos algum lugar, apropriamo-nos dele, porque passa a fazer parte da nossa história, das nossas memórias, das nossas emoções... Foi assim com Notre-Dame, por isso vimos incrédulos e com o coração apertado as imagens em que a fúria das chamas devorava a catedral. Por estes dias, assiste-se à contabilidade dos milhões para a reconstrução, mas a tristeza permanece perante a cinza e os escombros em que se tornou uma parte do primeiro monumento que vimos ao chegar a Paris e do último de que nos despedimos antes deixar a cidade.


Paris é um destino de sonho, especialmente se incluir o Dia dos Namorados na “cidade do amor”. Como não conhecíamos a cidade, ao longo de cinco dias, fomos ao maior número possível de sítios. Resultado: mais de 115 quilómetros a pé, num roteiro que vamos apresentar em três partes.

Na hora de escolher o voo para Paris, para além da questão do preço, é preciso ter em conta os horários dos aviões e o tempo das deslocações entre o aeroporto e o local que se pretende. Tendo isto em consideração, optámos pelo Charles de Gaulle e pela viagem de comboio (10,30 euros) entre o aeroporto e a zona de Notre-Dame, onde chegámos a meio da tarde. Ao sair do comboio, lá estava a catedral, imponente, rodeada de uma multidão de turistas, como habitualmente.

Arrumadas as malas no hotel, no Quartier Latin, bairro emblemático, com uma localização estratégica para não termos de usar transportes, pusemos os pés ao caminho em direcção Montmartre para a primeira visita da viagem: o Sacré Coeur.

Podíamos ter subido de elevador, mas a coragem de quem ainda estava fresco levou-nos a ir pelas escadas, numa subida que parecia interminável. Mas este esforço vale a pena quando, já de noite, se chega ao cimo do monte e se avista a cidade iluminada e lá longe... a Torre Eiffel! Com entrada grátis, visitámos a basílica, que apela à oração e recolhimento, mas não tivemos oportunidade de subir ao topo. Fica para a próxima, dissemos. Desde segunda-feira, esta ideia parece-nos demasiado perigosa, porque infelizmente pode não haver amanhã para alguns monumentos que pensamos serem eternos.

Descobrindo as lojas bonitas que existem por toda a cidade e as pontes sobre o rio Sena, passando perto de Notre-Dame, regressámos ao Quartier Latin, onde fomos experimentar fondue de quatro queijos e habituar-nos a pagar mais de 5 euros por cada bebida de lata.

O segundo dia começou com um passeio junto ao rio – esperávamos que a água fosse mais cristalina –, a passagem junto à estátua de Joana d’Arc e a caminhada rumo ao Jardin des Tuileries, o mais antigo jardim de Paris, localizado entre o Museu do Louvre e a Place de la Concorde.

Vimos as esculturas, sentámo-nos junto a um lago a apreciar a quietude matinal e seguimos para a gigantesca Place de la Concorde, local onde durante a revolução francesa foi instalada a guilhotina em que Louis XVI, Marie Antoinette e muitos outros foram decapitados. Actualmente, neste espaço, destacam-se o obelisco egípcio que assinalava a entrada do Templo de Luxor, as fontes (Fontaine des Mers e Fontaine des Fleuves) e um trânsito frenético.

Como planeávamos passar mais tempo no Jardin des Tuileries, ficámos com “folga” para visitar o Petit Palais, um interessante museu de belas artes instalado num belo edifício do arquitecto Charles Girault, com entrada grátis (à excepção das exposições temporárias, que têm entrada paga). Mesmo em frente, está o Grand Palais, com entrada paga, que não visitámos por falta de tempo.

Tentámos ir cumprimentar o Emmanuel Macron, mas os portões do Palácio do Eliseu estavam fechados, a rua contígua interdita à circulação e polícias armados até aos dentes indicavam vias alternativas aos peões. A segurança é levada muito a sério em todos os lados, sendo que as pessoas têm de passar por detectores de metais e ser revistadas para entrar nos espaços mais turísticos.

Seguimos para os Champs Elysees. Apesar de termos entrado em algumas lojas, não fizemos compras. Aliás, mais interessantes do que as grandes marcas, com lojas semelhantes por esse mundo fora, são os espaços de bairro, cheios de personalidade, desde floristas a restaurantes, sem esquecer as pastelarias com bolos belíssimos.

Subimos, depois, ao Arc de Triomphe (12 euros). A vista que se tem do topo deste monumento é interessante, mas nada de novo para quem sobe a outros miradouros. Se for preciso poupar tempo, esforço (é preciso subir as escadas a pé) e dinheiro, pode-se abdicar da subida ao Arco do Triunfo.
E eis que chegou o tão ansiado momento de ver de perto a Torre Eiffel, mas só de passagem, porque optámos por deixar este ícone de Paris para a noite.

Como estávamos no Dia dos Namorados, não resistimos a um bolo com massa de macaron, com decoração exuberante e em forma de coração, pois claro! Neste dia, as montras estavam particularmente apelativas e havia mulheres de todas as idades com rosas vermelhas nas mãos.

Depois do lanche, fomos até Les Invalides, que se avistam ao longe devido à sua exuberante cúpula dourada, mas dada a hora já não conseguimos ver o túmulo de Napoleão. Com tanto para ver, não houve tempo para lamúrias, por isso seguimos até à Ponte Alexandre III, que impressiona com as suas estátuas e candeeiros.



Já de noite, e com bilhetes previamente comprados (25,50 euros), subimos finalmente à Torre Eiffel. A vista nocturna que se tem do topo da torre é deslumbrante. Esta é uma experiência incrível, especialmente no Dia dos Namorados, daquelas que se quer repetir.

Veja as fotografias na nossa página no Facebook. Amanhã contamos mais...


17.4.19

Braga mantém tradição das celebrações da Semana Santa

A Semana Santa de Braga é a mais imponente do país, atraindo anualmente milhares de pessoas à cidade. A importância destas celebrações, cuja tradição se perde no tempo, estende-se além-fronteiras, sendo a Semana Santa de Braga uma das fundadoras da Rede Europeia das Celebrações da Semana Santa e Páscoa.


As procissões que percorrem as ruas da “cidade dos arcebispos” na Quarta, Quinta e Sexta-feira Santa são os eventos mais conhecidos da programação preparada pela Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga, composta por representantes do Cabido da Sé, Santa Casa da Misericórdia, Irmandade de Santa Cruz, Câmara Municipal, Turismo do Porto e Norte de Portugal e Associação Comercial, para além de personalidades a título individual.


Hoje, a partir das 21h30, sai da Igreja de S. Victor o Cortejo Bíblico “Vós sereis o meu povo”, mais conhecido por Procissão da Burrinha porque integra a imagem de Nossa Senhora montada numa burrinha, na fuga para o Egipto. Organizado nos moldes actuais desde 1998 pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de S Victor, este desfile conta com cerca de 700 figurantes, centrando-se na «narrativa da história da Salvação, desde Abraão até Jesus Cristo». 

A Procissão do Senhor “Ecce Homo” (ou Senhor da Cana Verde), que se realiza amanhã, Quinta-feira Santa, a partir das 21h30, sai da Igreja da Misericórdia, uma vez que é organizada pela Irmandade da Misericórdia.




Algumas das imagens mais divulgadas da Semana Santa de Braga são captadas nesta procissão, porque integra os farricocos com matracas ou com fogaréus (taças com pinhas a arder), daí que também seja conhecida por “Procissão dos Fogaréus”.

Os farricocos são figuras vestidas de negro, encapuzadas e descalças, que se tornaram num ícone da Semana Santa de Braga e até da cidade, sendo possível ver múltiplas recriações nas montras bracarenses.




Refere a documentação da Semana Santa que esta tradição remonta aos tempos pagãos, em que «mascarados percorriam as ruas, anunciando a passagem dos condenados e relatando os seus crimes». Posteriormente, segundo a mesma fonte, estas figuras foram «cristianizadas», percorrendo as ruas para chamar «os pecadores públicos à sua reintegração na Igreja, depois de arrependidos e perdoados».

Sexta-feira Santa, sai às 21h30, da Sé de Braga, a Procissão do Enterro do Senhor, que leva pelas ruas da cidade o esquife do Senhor. Organizada pelo Cabido da Catedral, Irmandades da Misericórdia e de Santa Cruz e Comissão da Semana Santa, esta é considerada a mais solene das procissões, sendo marcada pelo silêncio. As bandeiras e estandartes são arrastados pelo chão, as figuras alegóricas levam um véu de luto e os capitulares e os membros das confrarias vão de cabeça coberta.

A saída das procissões está sempre dependente do clima, já tendo em anos anteriores sido algumas vezes suspensas devido à chuva. Este ano, mais uma vez, tudo volta a depender de S. Pedro...

Na Sé Catedral concentram-se as principais celebrações religiosas do Tríduo Pascal. Quinta-feira Santa é celebrada a Missa Crismal e Bênção dos Santos Óleos, às 10h00, que reúne todo o clero da Arquidiocese de Braga, e Lava-Pés e Missa da Ceia do Senhor, às 16h00.


Sexta-feira Santa, às 15h00, realiza-se a Celebração da Morte do Senhor, que inclui a Procissão Teofórica do Enterro, de acordo com o Rito Bracarense (rito litúrgico próprio da Arquidiocese, cuja aplicação generalizada foi progressivamente abandonada no pós-Concilio Vaticano II). Nesta celebração, como se pode ler na documentação relativa à Semana Santa, «o Santíssimo Sacramento, encerrado num esquife coberto de um manto preto, é levado pelas naves da Catedral e deposto em lugar próprio para a veneração dos fiéis».

No Sábado Santo, às 21h00, é celebrada a Vigília Pascal e Procissão de Ressurreição e domingo, às 11h30, a Missa Solene do Domingo de Páscoa.

Tradição ainda bem viva é o Compasso Pascal, em que a cruz engalanada vai de porta em porta anunciar a Ressurreição e abençoar as casas, que a recebem com flores à entrada. Manda a tradição que haja alguns doces e amêndoas para receber a vista da Cruz e dos amigos, mas os minhotos não gostam de deixar os créditos por mãos alheias e muitas vezes em cima das mesas há autênticos banquetes.

A manifestação mais bela da cidade em termos de Compasso Pascal ocorre na Segunda-Feira de Páscoa na Cónega (Rua da Boavista), em que das janelas engalanadas com colchas são lançadas pétalas para receber as cruzes, que são acompanhadas por uma banda de música.

Entre Quarta-Feira de Cinzas e Quinta-Feira Santa realiza-se o Lausperene Quaresmal, uma tradição que existe desde 1710, criada pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Telles. Durante a quaresma, o Senhor exposto passa por 23 igrejas de Braga, altura única para ver as tribunas de alguns destes templos. 


Igreja do Instituto Monsenhor Airosa (Igreja da Conceição)


Igreja de S. João do souto



Imprescindível é também a visita aos Calvários espalhados pela cidade, que retratam oito episódios da Paixão de Cristo. Os Calvários são propriedade da Irmandade de Santa Cruz.


Apesar destes destaques, o programa preparado anualmente para a época da Páscoa é muito vasto, incluindo concertos, exposições, visitas guiadas e representações. 




A exposição "Páscoa de Artur Pastor", com fotografias da Semana Santa nas décadas de 1950 e 1960, está patente ao público na Casa dos Crivos


Obra “Salvação”, do escultor bracarense Alberto Vieira

Actualização: Junta de Freguesia de S. Victor - Braga anunciou na sua página no Facebook que, devido às condições climáticas adversas, a Procissão Nossa Senhora da Burrinha foi cancelada e volta a realizar-se em 2020.