9.4.19

À descoberta do Alentejo

Já bebeu ou pelo menos viu nas prateleiras dos hipermercados o vinho Vila Ruiva? Ficámos a conhecer este vinho através de uma amiga e apreciamos sobretudo o Master Selection. Foi por isso que, a passear pela Bolsa de Turismo de Lisboa, nos chamou a atenção um prospecto que indicava a Feira Medieval de Vila Ruiva. Desconhecíamos que se tratava de uma localidade do concelho de Cuba, por isso ficámos com curiosidade. Dias depois, vimos o anúncio a uma exposição de Lego em Arraiolos e começou a crescer o “bichinho” do passeio. E se fossemos passar um fim-de-semana ao Alentejo? E fomos mesmo!


Por uma questão de centralidade, de disponibilidade de alojamento e de preço, optámos por ficar em Évora, onde chegámos ao fim da tarde de sexta-feira (29 de Março).


Depois de tiradas as malas do carro, fomos directamente para Vila Ruiva, onde logo à chegada reconhecemos a igreja que aparece desenhada nas garrafas do vinho. Trata-se da Igreja Matriz de Vila Ruiva/Igreja de NossaSenhora da Encarnação, mas à hora a que chegámos já não foi possível visitá-la. A informação relativa a este templo destaca que os alçados interiores são «decorados por pinturas murais quinhentistas, seiscentistas e setecentistas».


Em relação à 3.ª edição da Vila Ruiva Medieval, organizada pela Junta de Freguesia de Vila Ruiva e Albergaria dos Fusos, com o apoio do Município de Cuba, ainda estava em fase aquecimento. Para além das barraquinhas espalhadas pelas ruas da localidade, o destaque do primeiro de três dias do certame era a ceia medieval “À Mesa com Cristóvão Colombo”, sujeita a inscrição prévia.


O segundo dia de passeio (30 de Março) começou com a visita à Gruta do Escoural, no concelho de Montemor-o-Novo. De dimensão reduzida quando comparada com outras grutas, como por exemplo as de Mira de Aire, esta destaca-se por ser considerada «a única cavidade conhecida no actual território português com pinturas e gravuras rupestres realizadas no Paleolítico Superior».  


Durante a visita fica-se a saber, por exemplo, que não há provas de que este espaço tenha sido habitado, pelo que seria um sítio para a realização de rituais e inscrição de gravuras. Outro dos dados a reter é que o facto de ter chovido pouco torna mais difícil ver as gravuras.


As visitas à Gruta do Escoural, descoberta em 1963, graças à exploração de uma pedreira, podem ser feitas às 10h30 e às 14h30, mediante marcação prévia através do telefone 266 857 000 ou do e-mail grutadoescoural@cultura-alentejo.pt. Uma vez que as visitas são feitas pela mesma técnica que assegura o funcionamento do Centro Interpretativo da Gruta do Escoural, localizado em Santiago do Escoural, não telefone às horas das visitas. E esqueça a ideia de tirar fotografias no interior da gruta. É proibido.


Os nossos passeios incluem sempre algumas coisas agendadas, mas também têm margem para o que nos aparecer pelo caminho. Foi precisamente isso mesmo aconteceu: vimos cartazes a anunciar o 13.º Congresso das Açordas e seguimos em direcção a Portel.


Pelo caminho, passámos pela placa com a indicação de Alcáçovas (concelho de Viana do Alentejo) e não resistimos. Passeámos pelas ruas da localidade e fomos visitar o Paço dos Henriques. Refere a documentação relativa a este imóvel que, de acordo com a tradição e a crença local, o espaço «terá correspondido a um antigo Paço Real, mandado edificar por D. Dinis, no qual terá sido celebrado o Tratado de Alcáçovas-Toledo, em 1479».



Este complexo arquitectónico é composto por dois espaços: a casa de habitação (entrada gratuita), onde pode ser vista uma exposição dechocalhos, ex-libris de Alcáçovas, realizando-se em Julho uma feira dedicada a esta arte, e a Capela de Nossa Senhora da Conceição (primitivamente de S. Jerónimo)e o Horto ou Jardim das Conchinhas (entrada paga).


Quando se entra na capela e no jardim percebe-se esta designação popular: toda a decoração é feita por embrechado, uma técnica que junta cacos de vidro e azulejos com uma quantidade verdadeiramente impressionante de conchinhas.





No jardim, destaca-se também o sistema hidráulico, que inclui um aqueduto.


Já em plena hora de almoço, deslocámo-nos para Portel, onde nos deliciámos com as açordas ao som de cantares alentejanos, num evento a que queremos voltar nas próximas edições.


A rebolar de tanto comer, fomos conhecer o Castelo de Portel, com entrada livre (quem quiser uma visita guiada tem de marcar previamente através do 266 619 030 ou 266 619 035 e do e-mail turismo@mail.cm-portel.pt). Especialmente para quem vai com crianças, estas visitas são sempre um pretexto para relembrar a história de Portugal, num contexto lúdico.


Segundo o site da autarquia, diz a história que o castelo foi fundado por D. João Peres de Aboim, em 1261, tendo sido «alvo de uma significativa campanha de obras dirigida pelo arquitexto Francisco Arruda, no reinado de D. Manuel I, da qual se destaca a edificação do Paço dos Duques de Bragança e da Igreja de São Vicente no interior do recinto, hoje em ruínas. O amuralhamento da chamada “Vila Velha” observou-se entre os finais do século XIII e princípios do seguinte».


Seguimos, então, em direcção a Arraiolos, para o momento mais aguardado pelo nosso especialista em Legos (se ainda não seguem o Legotrekker no Instagram, façam o favor de o adicionar, que vale a pena ver as criações originais que ali são apresentadas).



Depois de apreciarmos as imensas construções com peças de Lego, já ao anoitecer, fomos até ao Castelo deArraiolos, «singular pela sua muralha circular».



Após o merecido descanso, a amanhã de domingo foi dedicada a revisitar a cidade de Évora, Património Mundial da UNESCO. Como não podia deixar de ser, começámos pela central e icónica Praça do Giraldo, construída em homenagem a Geraldo Geraldes, o Sem Pavor, que conquistou Évora aos mouros, em 1167. Neste espaço destacam-se as arcadas, a fonte em estilo barroco, os edifícios com fachadas em estilo neoclássico e romântico, os candeeiros com o brasão de Évora e as esplanadas.


Pela primeira vez, conseguimos visitar a Igreja de Santo Antão, com entrada grátis, mas quem quiser tirar fotografias paga 50 cêntimos.

Seguimos para a Sé Catedral, que nos tinha impressionado na última deslocação a Évora, altura em que fizemos uma visita completa. Como já conhecíamos, a ideia era irmos em família para um momento de oração, num templo que apreciamos, mas esbarrámos na obrigatoriedade de pagamento, mesmo para rezar, de que já não nos lembrávamos.


Fomos, depois, até ao Templo Romano, monumento construído no início do século I, d.C. que é um dos ex-libris da cidade. Um trabalho dos arqueólogos alemães Theodor Hauschild e Felix Teichner refere que a construção deste templo teve como objectivo o culto imperial, sendo dedicado ao imperador Augusto e não à deusa da caça Diana. Mesmo ao lado, destaca-se a Igreja do Convento dos Lóios (ou de São João Evangelista), mas a entrada paga demoveu-nos (o templo pertence ao Palácio Cadaval).


Neste périplo pela cidade, é obrigatório visitar a Igreja deSão Francisco, de arquitetura gótico-manuelina, construída entre os anos de 1480 e 1510 (entrada grátis). É aqui que fica a famosa Capela dos Ossos (entrada paga), que apresentava uma fila que nos fez desistir da visita, uma vez que já a conhecíamos.


Optámos pelo Jardim Público, onde pequeno e graúdos apreciaram os pavões e brincaram livremente (quem disse que os adultos não podem brincar?!).




O início da tarde começou com mais um momento lúdico, com uma ida ao Kartódromo de Évora.


Para terminar, recuámos até à pré-história, com visitas ao Menir e Cromeleque de Almendres. Se tiver à mão um todo o terreno, esta é uma boa altura para o usar. Se não quiser sujar o carro num caminho irregular e com muito pó, pense duas vezes antes de se aventurar neste percurso. Mas olhe que vale a pena ficar com o carro (muito) sujo porque este cromeleque é considerado «um dos maiores e mais importantes monumentos megalíticos do mundo», mais antigo que Stonehenge...



Veja mais fotos deste passeio na página do Sempre Prontos para Passear no Facebook.


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