Já bebeu ou pelo menos viu nas prateleiras dos hipermercados
o vinho Vila Ruiva? Ficámos a conhecer este vinho através de uma amiga e
apreciamos sobretudo o Master Selection. Foi por isso que, a passear pela Bolsa
de Turismo de Lisboa, nos chamou a atenção um prospecto que indicava a Feira
Medieval de Vila Ruiva. Desconhecíamos que se tratava de uma localidade do
concelho de Cuba, por isso ficámos com curiosidade. Dias depois, vimos o anúncio
a uma exposição de Lego em Arraiolos e começou a crescer o “bichinho” do
passeio. E se fossemos passar um fim-de-semana ao Alentejo? E fomos mesmo!
Por uma questão de centralidade, de disponibilidade de
alojamento e de preço, optámos por ficar em Évora, onde chegámos ao fim da
tarde de sexta-feira (29 de Março).
Depois de tiradas as malas do carro, fomos directamente para
Vila Ruiva, onde logo à chegada reconhecemos a igreja que aparece desenhada nas
garrafas do vinho. Trata-se da Igreja Matriz de Vila Ruiva/Igreja de NossaSenhora da Encarnação, mas à hora a que chegámos já não foi possível visitá-la.
A informação relativa a este templo destaca que os alçados interiores são «decorados
por pinturas murais quinhentistas, seiscentistas e setecentistas».
Em relação à 3.ª edição da Vila Ruiva Medieval, organizada
pela Junta de Freguesia de Vila Ruiva e Albergaria dos Fusos, com o apoio do
Município de Cuba, ainda estava em fase aquecimento. Para além das barraquinhas
espalhadas pelas ruas da localidade, o destaque do primeiro de três dias do
certame era a ceia medieval “À Mesa com Cristóvão Colombo”, sujeita a
inscrição prévia.
O segundo dia de passeio (30 de Março) começou com a visita à
Gruta do Escoural, no concelho de Montemor-o-Novo. De dimensão reduzida quando
comparada com outras grutas, como por exemplo as de Mira de Aire, esta
destaca-se por ser considerada «a única cavidade conhecida no actual
território português com pinturas e gravuras rupestres realizadas no Paleolítico
Superior».
Durante a visita fica-se a saber, por exemplo, que não há
provas de que este espaço tenha sido habitado, pelo que seria um sítio para a
realização de rituais e inscrição de gravuras. Outro dos dados a reter é que o
facto de ter chovido pouco torna mais difícil ver as gravuras.
As visitas à Gruta do Escoural, descoberta em 1963, graças à
exploração de uma pedreira, podem ser feitas às 10h30 e às 14h30, mediante
marcação prévia através do telefone 266 857 000 ou do e-mail grutadoescoural@cultura-alentejo.pt.
Uma vez que as visitas são feitas pela mesma técnica que assegura o
funcionamento do Centro Interpretativo da Gruta do Escoural, localizado em
Santiago do Escoural, não telefone às horas das visitas. E esqueça a ideia de
tirar fotografias no interior da gruta. É proibido.
Os nossos passeios incluem sempre algumas coisas agendadas,
mas também têm margem para o que nos aparecer pelo caminho. Foi precisamente isso
mesmo aconteceu: vimos cartazes a anunciar o 13.º Congresso das Açordas e
seguimos em direcção a Portel.
Pelo caminho, passámos pela placa com a indicação de Alcáçovas
(concelho de Viana do Alentejo) e não resistimos. Passeámos pelas ruas da
localidade e fomos visitar o Paço dos Henriques. Refere a documentação relativa
a este imóvel que, de acordo com a tradição e a crença local, o espaço «terá
correspondido a um antigo Paço Real, mandado edificar por D. Dinis, no qual terá
sido celebrado o Tratado de Alcáçovas-Toledo, em 1479».
Este complexo arquitectónico é composto por dois espaços: a
casa de habitação (entrada gratuita), onde pode ser vista uma exposição dechocalhos, ex-libris de Alcáçovas, realizando-se em Julho uma feira dedicada a
esta arte, e a Capela de Nossa Senhora da Conceição (primitivamente de S. Jerónimo)e o Horto ou Jardim das Conchinhas (entrada paga).
Quando se entra na capela e no jardim percebe-se esta
designação popular: toda a decoração é feita por embrechado, uma técnica que
junta cacos de vidro e azulejos com uma quantidade verdadeiramente
impressionante de conchinhas.
No jardim, destaca-se também o sistema hidráulico, que inclui um aqueduto.
No jardim, destaca-se também o sistema hidráulico, que inclui um aqueduto.
Já em plena hora de almoço, deslocámo-nos para Portel, onde
nos deliciámos com as açordas ao som de cantares alentejanos, num evento a que
queremos voltar nas próximas edições.
A rebolar de tanto comer, fomos conhecer o Castelo de Portel, com entrada livre (quem quiser uma visita guiada tem de marcar
previamente através do 266 619 030 ou 266 619 035 e do e-mail turismo@mail.cm-portel.pt).
Especialmente para quem vai com crianças, estas visitas são sempre um pretexto para
relembrar a história de Portugal, num contexto lúdico.
Segundo o site da autarquia, diz a história que o castelo
foi fundado por D. João Peres de Aboim, em 1261, tendo sido «alvo de uma
significativa campanha de obras dirigida pelo arquitexto Francisco Arruda, no
reinado de D. Manuel I, da qual se destaca a edificação do Paço dos Duques de
Bragança e da Igreja de São Vicente no interior do recinto, hoje em ruínas. O
amuralhamento da chamada “Vila Velha” observou-se entre os finais do século
XIII e princípios do seguinte».
Seguimos, então, em direcção a Arraiolos, para o momento
mais aguardado pelo nosso especialista em Legos (se ainda não seguem o
Legotrekker no Instagram, façam o favor de o adicionar, que vale a pena ver as
criações originais que ali são apresentadas).
Depois de apreciarmos as imensas construções com peças de Lego, já ao anoitecer, fomos até ao Castelo deArraiolos, «singular pela sua muralha circular».
Depois de apreciarmos as imensas construções com peças de Lego, já ao anoitecer, fomos até ao Castelo deArraiolos, «singular pela sua muralha circular».
Após o merecido descanso, a amanhã de domingo foi dedicada a
revisitar a cidade de Évora, Património Mundial da UNESCO. Como não podia
deixar de ser, começámos pela central e icónica Praça do Giraldo, construída em
homenagem a Geraldo Geraldes, o Sem Pavor, que conquistou Évora aos mouros, em
1167. Neste espaço destacam-se as arcadas, a fonte em estilo barroco, os edifícios com fachadas em estilo neoclássico e romântico, os candeeiros com o brasão de Évora e as esplanadas.
Pela primeira vez, conseguimos visitar a Igreja de Santo Antão, com entrada grátis, mas quem quiser tirar fotografias paga 50 cêntimos.
Pela primeira vez, conseguimos visitar a Igreja de Santo Antão, com entrada grátis, mas quem quiser tirar fotografias paga 50 cêntimos.
Seguimos para a Sé Catedral, que nos tinha impressionado na última
deslocação a Évora, altura em que fizemos uma visita completa. Como já conhecíamos,
a ideia era irmos em família para um momento de oração, num templo que apreciamos,
mas esbarrámos na obrigatoriedade de pagamento, mesmo para rezar, de que já não
nos lembrávamos.
Fomos, depois, até ao Templo Romano, monumento construído no
início do século I, d.C. que é um dos ex-libris da cidade. Um trabalho dos
arqueólogos alemães Theodor Hauschild e Felix Teichner refere que a construção
deste templo teve como objectivo o culto imperial, sendo dedicado ao
imperador Augusto e não à deusa da caça Diana. Mesmo ao lado, destaca-se a Igreja do Convento dos Lóios (ou de São João Evangelista), mas a entrada paga demoveu-nos (o templo pertence ao Palácio Cadaval).
Neste périplo pela cidade, é obrigatório visitar a Igreja deSão Francisco, de arquitetura gótico-manuelina, construída entre os anos de
1480 e 1510 (entrada grátis). É aqui que fica a famosa Capela dos Ossos
(entrada paga), que apresentava uma fila que nos fez desistir da visita, uma
vez que já a conhecíamos.
Optámos pelo Jardim Público, onde pequeno e graúdos apreciaram os pavões e brincaram livremente (quem disse que os adultos não podem brincar?!).
Optámos pelo Jardim Público, onde pequeno e graúdos apreciaram os pavões e brincaram livremente (quem disse que os adultos não podem brincar?!).
Para terminar, recuámos até à pré-história, com visitas ao
Menir e Cromeleque de Almendres. Se tiver à mão um todo o terreno, esta é uma
boa altura para o usar. Se não quiser sujar o carro num caminho irregular e com
muito pó, pense duas vezes antes de se aventurar neste percurso. Mas olhe que
vale a pena ficar com o carro (muito) sujo porque este cromeleque é considerado
«um dos maiores e mais importantes monumentos megalíticos do mundo», mais
antigo que Stonehenge...
Veja mais fotos deste passeio na página do Sempre Prontos para Passear no Facebook.
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