A Semana Santa de Braga é a mais imponente do país, atraindo
anualmente milhares de pessoas à cidade. A importância destas celebrações, cuja
tradição se perde no tempo, estende-se além-fronteiras, sendo a Semana Santa de
Braga uma das fundadoras da Rede Europeia das Celebrações da Semana Santa e Páscoa.
As procissões que percorrem as ruas da “cidade dos
arcebispos” na Quarta, Quinta e Sexta-feira Santa são os eventos mais
conhecidos da programação preparada pela Comissão da Quaresma e Solenidades da
Semana Santa de Braga, composta por representantes do Cabido da Sé, Santa Casa
da Misericórdia, Irmandade de Santa Cruz, Câmara Municipal, Turismo do Porto e
Norte de Portugal e Associação Comercial, para além de personalidades a título
individual.
Hoje, a partir das 21h30, sai da Igreja de S. Victor o
Cortejo Bíblico “Vós sereis o meu povo”, mais conhecido por Procissão da
Burrinha porque integra a imagem de Nossa Senhora montada numa burrinha, na
fuga para o Egipto. Organizado nos moldes actuais desde 1998 pela Paróquia e
pela Junta de Freguesia de S Victor, este desfile conta com cerca de 700
figurantes, centrando-se na «narrativa da história da Salvação, desde Abraão
até Jesus Cristo».
A Procissão do Senhor “Ecce Homo” (ou Senhor da Cana Verde),
que se realiza amanhã, Quinta-feira Santa, a partir das 21h30, sai da Igreja da
Misericórdia, uma vez que é organizada pela Irmandade da Misericórdia.
Algumas das imagens mais divulgadas da Semana Santa de Braga
são captadas nesta procissão, porque integra os farricocos com matracas ou com
fogaréus (taças com pinhas a arder), daí que também seja conhecida por
“Procissão dos Fogaréus”.
Os farricocos são figuras vestidas de negro, encapuzadas e
descalças, que se tornaram num ícone da Semana Santa de Braga e até da cidade,
sendo possível ver múltiplas recriações nas montras bracarenses.
Refere a documentação da Semana Santa que esta tradição
remonta aos tempos pagãos, em que «mascarados percorriam as ruas, anunciando a
passagem dos condenados e relatando os seus crimes». Posteriormente, segundo a
mesma fonte, estas figuras foram «cristianizadas», percorrendo as ruas para
chamar «os pecadores públicos à sua reintegração na Igreja, depois de
arrependidos e perdoados».
Sexta-feira Santa, sai às 21h30, da Sé de Braga, a Procissão
do Enterro do Senhor, que leva pelas ruas da cidade o esquife do Senhor.
Organizada pelo Cabido da Catedral, Irmandades da Misericórdia e de Santa Cruz
e Comissão da Semana Santa, esta é considerada a mais solene das
procissões, sendo marcada pelo silêncio. As bandeiras e estandartes são
arrastados pelo chão, as figuras alegóricas levam um véu de luto e os
capitulares e os membros das confrarias vão de cabeça coberta.
A saída das procissões está sempre dependente do clima, já
tendo em anos anteriores sido algumas vezes suspensas devido à chuva. Este ano,
mais uma vez, tudo volta a depender de S. Pedro...
Na Sé Catedral concentram-se as principais celebrações
religiosas do Tríduo Pascal. Quinta-feira Santa é celebrada a Missa Crismal e
Bênção dos Santos Óleos, às 10h00, que reúne todo o clero da Arquidiocese de
Braga, e Lava-Pés e Missa da Ceia do Senhor, às 16h00.
Sexta-feira Santa, às 15h00, realiza-se a Celebração da
Morte do Senhor, que inclui a Procissão Teofórica do Enterro, de acordo com o
Rito Bracarense (rito litúrgico próprio da Arquidiocese, cuja aplicação
generalizada foi progressivamente abandonada no pós-Concilio Vaticano II).
Nesta celebração, como se pode ler na documentação relativa à Semana Santa, «o
Santíssimo Sacramento, encerrado num esquife coberto de um manto preto, é
levado pelas naves da Catedral e deposto em lugar próprio para a veneração dos
fiéis».
No Sábado Santo, às 21h00, é celebrada a Vigília Pascal e
Procissão de Ressurreição e domingo, às 11h30, a Missa Solene do Domingo de
Páscoa.
Tradição ainda bem viva é o Compasso Pascal, em que a cruz engalanada vai de porta em porta anunciar a Ressurreição e abençoar as casas, que a recebem com flores à entrada. Manda a tradição que haja alguns doces e amêndoas para receber a vista da Cruz e dos amigos, mas os minhotos não gostam de deixar os créditos por mãos alheias e muitas vezes em cima das mesas há autênticos banquetes.
Tradição ainda bem viva é o Compasso Pascal, em que a cruz engalanada vai de porta em porta anunciar a Ressurreição e abençoar as casas, que a recebem com flores à entrada. Manda a tradição que haja alguns doces e amêndoas para receber a vista da Cruz e dos amigos, mas os minhotos não gostam de deixar os créditos por mãos alheias e muitas vezes em cima das mesas há autênticos banquetes.
A manifestação mais bela da cidade em termos de Compasso
Pascal ocorre na Segunda-Feira de Páscoa na Cónega (Rua da Boavista), em que
das janelas engalanadas com colchas são lançadas pétalas para receber as
cruzes, que são acompanhadas por uma banda de música.
Entre Quarta-Feira de Cinzas e Quinta-Feira Santa
realiza-se o Lausperene Quaresmal, uma tradição que existe desde 1710, criada
pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Telles. Durante a quaresma, o Senhor exposto
passa por 23 igrejas de Braga, altura única para ver as tribunas de alguns
destes templos.
Igreja do Instituto Monsenhor Airosa (Igreja da Conceição)
Igreja de S. João do souto
Imprescindível é também a visita aos Calvários espalhados
pela cidade, que retratam oito episódios da Paixão de Cristo. Os Calvários são propriedade da Irmandade de Santa Cruz.
Apesar destes destaques, o programa preparado anualmente para a época da Páscoa é muito vasto, incluindo concertos, exposições, visitas guiadas e representações.
A exposição "Páscoa
de Artur Pastor", com fotografias da Semana Santa nas décadas
de 1950 e 1960, está patente ao público na Casa dos Crivos
Obra “Salvação”, do escultor bracarense Alberto Vieira
Actualização: A Junta de Freguesia de S. Victor
- Braga anunciou na sua página no Facebook que,
devido às condições climáticas adversas, a Procissão Nossa Senhora da
Burrinha foi cancelada e volta a realizar-se em 2020.
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