26.5.20

Regresso ao Porto


De manhã, o nevoeiro ainda deu luta aos raios solares, mas acabou por levar uma cabazada. O bulício da cidade deu lugar a ruas quase desertas e a uma estranha calma. O português voltou a ouvir-se com nitidez em zonas onde antes passava despercebido no meio das múltiplas línguas dos turistas. As obras continuam lado a lado com estabelecimentos à espera de quem tem mais receio do que dinheiro no bolso. Muitas portas fechadas, mesmo em ruas que vivem do comércio. Há quem aproveite para improvisar uma tarde de praia junto ao rio, longe da confusão das praias a sério. As aves voam por perto, como que a convidar para um passeio pela sua cidade. Foi o que fizemos ontem, com mil cuidados, no Porto. Veja as fotos na página do Sempre Prontos para Passear no Facebook.

22.5.20

Lagoas de Bertiandos são área importante para a conservação da biodiversidade

No Dia Internacional da Biodiversidade, rumamos nas memórias até Ponte de Lima, para visitar a Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro d'Arcos, localizada a cerca de quatro quilómetros da sede de concelho.


Criada em 2000, com quase 346 hectares, esta é considerada uma «área importante para a conservação da biodiversidade», destacando-se a «diversidade de biótopos associados a uma zona húmida continental».

Esta é uma área que proporciona um agradável contacto com a natureza, permitindo a observação da fauna e da flora, havendo estruturas próprias para esse efeito. Por isso mesmo, este um local a visitar em diferentes épocas do ano, apreciando as mudanças que se verificam. Uma vez que existem passadiços, é fácil circular no coração desta zona, mesmo com crianças.


Como explica o decreto regulamentar de constituição da Paisagem Protegida, nesta área destaca-se um «interessante mosaico de habitats, desde zonas húmidas, bosquetes florestais de vegetação natural, pastagens e áreas agrícolas, desenvolvendo-se ao longo de um sistema lacustre permanente, irrigado por canais naturais e atravessado pelo rio Estorãos, exibindo apreciável diversidade e originalidade paisagísticas».


Segundo o mesmo documento, «a conjugação de uma associação de folhosas em terrenos alagadiços, onde se destacam os amieiros, carvalhos, salgueiros e vidoeiros, confere ao local potencialidades particulares em termos de habitat de alimentação e refúgio para várias espécies de fauna», sendo digno de nota o «registo de perto de 80 espécies vegetais consideradas raras ou em vias de extinção local».



Ali existe um Centro de Interpretação Ambiental, com um Serviço Educativo que proporciona actividades de sensibilização e educação ambiental para vários públicos, que durante este período de pandemia tem novas regras para evitar a propagação da Covid-19.



Outro importante equipamento é a Quinta de Pentieiros, que inclui a Quinta Pedagógica e o Parque Florestal, o Parque de Campismo e Caravanismo com Piscina, o Albergue, os Bungalows e até a Casa da Árvore, construída à volta do tronco e dos ramos de um antigo carvalho, onde um dia esperamos ter a oportunidade de pernoitar.

De acordo com informação municipal, o Parque de Campismo e Caravanismo e a Casa do Cuco (alojamento do tipo casa de campo com capacidade para acolher até seis pessoas) reabrem na próxima segunda-feira, dia 25 de Maio, com o selo "Clean & Safe", atribuído pelo Turismo de Portugal.

A Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos está incluída na rede de percursos do concelho, sendo que alguns estão mais centrados na descoberta da riqueza deste espaço, enquanto outros levam os visitantes à descoberta de mais recantos de Ponte de Lima.



Dia da Espiga


Recordarei para sempre o dia em que vi Lisboa mais bonita do que nunca. À chegada a Santa Apolónia, um grupo de escuteiros recebia as pessoas como um sorriso na cara e um ramo na mão. Ao deixar a estação, os olhos demoraram algum tempo a acostumar-se ao azulão do céu, a fazer lembrar as cores vívidas das antigas fotos Kodak, e à intensa luz que cobria a capital. Na Praça do Comércio, na Rua Augusta, no Rossio, no Chiado, no Saldanha, em todo o lado, lá estavam vendedores de ramos, todos diferentes, mas todos semelhantes. A ventania fazia voar pétalas de papoilas pelas ruas insolitamente floridas.

Envergonhada da minha ignorância, perguntei a que se devia a profusão de ramos por toda a cidade. É Dia da Espiga!, responderam-me, mas sem grandes explicações, que aparentemente toda a gente conhecia a tradição. Comprei um raminho com espigas ainda verdes (não me perguntem de que eram as espigas, que eu não sei dizer), malmequeres e papoilas a desfazem-se. E, assim, há cinco anos, rendi-me a uma tradição que não existe na minha terra. 

Diz a tradição que o Dia da Espiga se comemora na Quinta-feira da Ascensão, sendo feriado municipal em quase três dezenas concelhos (esta data deixou de ser feriado nacional em 1952). Segundo os relatos, o ramo deve ter espigas de trigo, centeio ou outro cereal (representam o pão), papoilas (representam o amor), malmequeres (representam a riqueza), oliveira (representa a paz e a luz), alecrim (representa a saúde) e videira (representa a alegria). Este ramo deve ser pendurado atrás da porta de casa, onde permanece durante um ano, até ser substituído por um novo ramo do Dia da Espiga.

Nos anos seguintes, instituímos o hábito de fazer o nosso próprio ramo com o que conseguimos encontrar na cidade, transformando esta tarefa quase numa caça ao tesouro. Alguém sabe onde encontrar papoilas em Lisboa?

Teresa, a minhota rendida ao Dia da Espiga

5.5.20

Casa da Cuca recupera castas do vinho branco de Moreira do Lima

É ao som de uma concertina e com uma mesa a recriar a merenda das vindimas numa casa de lavradores, junto aos vinhedos, que a Casa da Cuca se dá a conhecer. Estamos em Moreira do Lima, no concelho de Ponte de Lima, ainda antes das vindimas.


Há cerca de seis anos a família de Carlos Amorim lançou-se no mercado do vinho com marca própria, depois de anos a fio a produzir para a adega cooperativa. Com 4,5 hectares, a quinta produz cerca de 15 mil garrafas de Loureiro, vendidas com a marca “Da Cuquinha”, e 2500 de Vinhão, comercializadas com a marca “Carcaveira Velha”.


Num projecto agarrado com entusiasmo por José Carlos e Sandra Amorim, filhos de Carlos Amorim, a Casa da Cuca está a recuperar o património genético das castas que deram fama ao vinho branco de Moreira do Lima, que estava praticamente desaparecido.


Aumentar a produção, inaugurar mais instalações para alojamento, a juntar à Casa da Cuca e à Casa da Cuquinha, e criar melhores condições para que os turistas possam desfrutar da vida na quinta fazem parte dos planos da família Amorim.



Veja o vídeo com Carlos Amorim e fique a conhecer melhor a Casa da Cuca, que tivemos oportunidade de visitar no âmbito do Roteiro dos Clássicos às Adegas do Loureiro de Ponte de Lima, uma iniciativa integrada na segunda edição do certame “Loureiro de Ponte de Lima ConVida”, que decorreu no passado mês de Agosto.


O evento foi promovido pela Câmara de Ponte de Lima, Associação Empresarial e Confraria Gastronómica do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima, com a colaboração do Clube Limiano de Automóveis Clássicos, que transportou os visitantes em carros que são autênticos tesouros. Nós tivemos a honra de ser transportados por Conceição e David Barbosa, um simpático casal bracarense, numa viatura clássica que deslumbrou os participantes neste roteiro.


Em Moreira do Lima, ficámos também a conhecer a Capela do Espírito Santo, templo cuja tipologia se integra na «segunda fase do foco românico do Alto Minho, onde é já nítida uma certa tendência para o gótico», sendo que as modificações interiores datam «do século 17 em estilo maneirista sendo os retábulos de talha do tipo de "retábulos de edículas"», como refere o site da Património Cultural.