Tal como acontece com muita gente, desejamos voltar a aproveitar a liberdade para passear, depois do período de quarentena que nos obrigou a ficar em casa. Contudo, desconfinar em segurança tem de ser a palavra de ordem nesta fase, em que os números da pandemia ainda não nos deixam tranquilos. Fugimos, por isso, dos grandes aglomerados de pessoas, aproveitando para respirar ar puro num passeio de Braga até Santo António de Mixões da Serra, em Valdreu, concelho de Vila Verde.
Neste local existe um santuário e um miradouro encimado por uma imagem de Santo António, sendo que se acede a este ponto privilegiado para ver os montes em redor por um escadório.
Diz a tradição que, no domingo antes do dia de Santo António, há a bênção dos animais. Esta prática terá começado no século XVII na sequência de uma peste que dizimou os animais daquela zona. Pedindo a Santo António que protegesse os animais, os agricultores construíram, então, uma capela, que foi alvo de reformulações ao longo do tempo, tendo o templo actual sido concluído em 1952.
Devido às restrições por causa da Covid-19, este ano a tradição foi suspensa, tendo sido celebrada uma missa à tarde, em vez da eucaristia seguida de bênção que era costume decorrer da parte de manhã. Essa celebração costumava atrair uma multidão, não apenas os agricultores das imediações com bovinos e equinos para benzer, mas também muitos forasteiros com os seus animais de estimação.
Contudo, como o espírito de festa está inscrito no mais profundo da alma dos minhotos, quem ontem à tarde chegava a Santo António de Mixões da Serra era recebido pelo som de concertinas e não faltavam algumas vacas com os cornos devidamente enfeitados e cavalos.
Seguimos, depois, em direcção a Ponte da Barca, por uma estrada estreita, em que as nuvens pareciam estar quase ao alcance de um braço esticado.
Alguns metros depois de termos retomada o percurso, cruzámo-nos com vacas que pastavam calmamente na berma da estrada.
A segunda paragem foi no santuário da Senhora da Paz, erigido no local onde Nossa Senhora terá aparecido, a 10 e 11 de maio de 1917, ao pastorinho Severino Alves, então com dez anos de idade. Aqui existe um museu que diz ter «a maior coleção de cristais de quartzo do país».
Chegados a Ponte da Barca, fomos até à praia fluvial, um local amplo e aprazível, passeámos junto ao rio e ainda percorremos um pouco da ecovia do rio Lima. Já com o sol a enfraquecer, parámos junto ao rio a apreciar os patos, os passarinhos e até as ovelhas que se avistavam na outra margem.
E assim passámos uma tarde simples, mas muito agradável, à descoberta do nosso território. Com a pandemia a criar dificuldades para as viagens para o exterior, parece haver agora mais gente a descobrir aquilo que sempre dissemos: somos um país com um enorme potencial para explorar.
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