Ponte da Barca está em festa com a Romaria de S. Bartolomeu.
Amanhã, é o dia mais concorrido, com o cortejo etnográfico e a noitada das rusgas, em que a folia dos grupos a tocar concertina se prolonga
até de manhã. Este é um bom pretexto para partir à descoberta do concelho...
Que tal começarmos por visitar o Aproveitamento Hidroeléctrico do Alto Lindoso? Passear no paredão com mais de cem metros de
altura, que liga os concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, ver o belo
espelho de água e uma escultura de José Rodrigues é certamente um programa
interessante, mas a proposta é mais arrojada que isso. Estamos a falar de
descer às entranhas deste aproveitamento hidroeléctrico, que impressiona pela sua
dimensão descomunal.
Chegados à entrada da central, são quase dois quilómetros de
túnel até estarmos no centro nevrálgico deste complexo gigantesco.
E eis que
diante de nós surge uma sala enorme, onde é possível fazer eventos, como o
premiado concerto de Paulo Gonzo e Lúcia Moniz, em 2009, a 340 metros de
profundidade.
O maior aproveitamento eléctrico do país marca pela dimensão
e pelo que se aprende. Para se ter uma ideia, os dados indicam que houve 1 200
000 m³ de escavações para a sua concretização e que o elevador da central
tem 350 metros.
Os números dizem que esta é a central eléctrica mais
visitada do país. As visitas só podem ser feitas em grupo, mediante marcação
junto da EDP ou da Porta do Lindoso do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Seguimos, depois, no âmbito de uma visita promovida pelo Turismo Porto e Norte de Portugal e Câmara Municipal de Ponte da Barca, para os Espigueiros e para o Castelo de
Lindoso, que constituem uma das imagens mais divulgadas do município.
Classificado como Imóvel de Interesse Público, o conjunto de 64 espigueiros constitui «uma das maiores concentrações do país», destacando-se
os «acabamentos com cantarias muito perfeitas».
Após ter passeado pelo meio dos espigueiros, pode
questionar-se se vale a pena ir ao castelo, que está classificado como
monumento nacional, ou se basta vê-lo de fora. Não hesite, vá.
Este é «um dos mais importantes monumentos militares portugueses», do século XIII, preservado e com histórias para lhe contar. Desde
logo, curiosidades sobre o próprio castelo, como por exemplo ter sido melhorado
pelo espanhóis, que o tinham conquistado. Quando foi reconquistado pelos
portugueses, as melhorias que introduzidas por “nuestros hermanos” foram usadas
contra eles...
Para além disso, a Torre de Menagem apresenta uma exposição
sobre a ocupação humana do território, uma espécie de «máquina do tempo» que
leva os visitantes até ao passado da Serra Amarela.
Mesmo que não se interesse muito por história, a paisagem
justifica a visita: lá de cima vê-se a aldeia, o rio Lima, as montanhas...
Soberbo!
De volta à vila, é obrigatório passar pela Loja Interactiva
de Turismo e pelo Centro Interpretativo Fernão de Magalhães (o navegador que
fez a primeira viagem de circum-navegação), um edifício com janelas com vista
para a ponte do século XVI, construída no local onde havia uma barca de
passagem entre as duas margens do rio, o pelourinho, o jardim dos poetas (em
homenagem aos poetas renascentistas Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz) e o mercado pombalino. Saia e passeie por lá.
Siga em direcção à ecovia, que o vai levar numa viagem junto
ao rio Lima. O troço faz parte do Percurso do Açudes da Ecovia do Rio Lima, sendo
que os amantes deste tipo de actividades podem seguir até Viana do Castelo, a
pé, de bicicleta ou cavalo.
Neste percurso, vai estar ladeado pelo rio e por campos de
cultivo. Mais à frente vai encontrar a Fonte Santa, com água sulfurosa, que se
diz ser muito boa para o tratamento de doenças de pele.
Neste périplo pelo concelho, vá até à igreja românica de Bravães, um dos mais importantes monumentos românicos portugueses, que fazia parte de um antigo mosteiro, já citado como tal
no século XI. Aqui, destaca-se o labor escultórico do pórtico e os frescos que
existem no interior. Visite com atenção e repare nos pormenores.
Em relação à comida, em terra de boa gastronomia, destaque
para a posta barrosã, acompanhada pelos vinhos da Adega Cooperativa de Ponte da Barca. Nota positiva para a carne servida na Adega do Artur, um espaço inserido
no Parque de Campismo de Entre-Ambos-os-Rios, local onde é possível fazer
“glamping”.
Menos tradicional, mas mais surpreendente é o “Vai à Fava”,
um espaço no centro histórico de Ponte da Barca, com uma esplanada com vista
para o rio e para a ponte, que serve iguarias como queijo de cabra com compota
de pimentos vermelhos, chamuças de bacalhau, crepes de sardinha, bifes de
alheira ou o caril de camarão. Espaço para desfrutar com calma e apreciar os
detalhes.
Em matéria de doces, as queijadas de laranja e os Magalhães
– em homenagem ao Navegador ‑, da Pastelaria Liz, são especialidades de Ponte
de Barca.
Com metade do concelho integrado no Parque Nacional da
Peneda-Gerês e com todo o seu território classificado como reserva mundial da
biosfera, Ponte da Barca convida a desfrutar a natureza. Há quanto tempo não
aprecia as estrelas fora dos centros urbanos? Noite dentro, vistas de Entre-Ambos-os-Rios, na Cêrca dos Passais, são incríveis.
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