6.6.19

Pelas ruelas, cores e cheiros de Lisboa

Na época dos Santos, os bairros típicos de Lisboa transformam-se. A agitação toma conta das ruas e ruelas, explodindo em euforia na noite de Santo António, em que o espaço se torna demasiado pequeno para albergar tantos foliões.


Gostamos dessa noite frenética, de percorrer os arraiais, de fazer quilómetros pela cidade a petiscar e a dançar. Mas também gostamos das ruas calmas, das ruelas estreitas sem vivalma, dos gatos que nos inspeccionam com curiosidade, da roupa a secar ao vento, das janelas com cortinas de renda, das sacadas com vasos de flores garridas, dos rádios que se ouvem em toda a vizinhança, da idosa à soleira da porta que deseja “bom dia” a quem passa e dos cheiros de iguarias em preparação que enfeitiçam o olfacto.


Foi esta a Lisboa que encontrámos no dia 1 de Maio. Saímos de casa para ir visitar o Teatro Romano, a Igreja da Madre de Deus (Museu doAzulejo) e, se não estivesse muita fila, o Castelo de S. Jorge, mas demos com o nariz na porta. Nós e milhares de turistas que percorriam as ruas em busca das principais atracções de Lisboa, que estavam fechadas por ser Dia do Trabalhador. Se os espaços dependentes do Estado estão fechados ou têm horários desajustados da procura, não há motivos para estranhar que os monumentos, palácios e museus nacionais tenham perdido quase 400 mil visitantes (7,8%) em 2018, apesar do aumento de turistas...


Depois da desilusão de termos encontrado o Teatro Romano fechado, podíamos ter voltado para casa, mas o bichinho do passeio (e o facto de termos conseguido lugar para estacionar naquela zona complicada) fez-nos ir até à Sé Catedral, também conhecida por Igreja de Santa Maria Maior. Como se pode ler nos painéis informativos sobre as escavações arqueológicas realizadas neste local, que testemunham diferentes ocupações desde a época romana, «segundo a tradição, D. Afonso Henriques, depois da conquista de Lisboa, em 1147, fez erguer a nova catedral no lugar da mesquita moura».


Seguimos até ao Miradouro de Santa Luzia, que em dia de sol forte apresentava uma magnífica vista sobre a cidade, os navios de cruzeiro atracados no porto e o rio Tejo. Descemos no elevador de Santa Luzia, inaugurado em 2015, que vence o desnível de cerca de 15 metros entre o Miradouro de Santa Luzia e a Rua Norberto de Araújo, e fomos explorar as ruas de Alfama.

O périplo continuou até ao Castelo de S. Jorge, que ficou por visitar. Depois de encontrarmos mais uma porta fechada, seguimos caminho como uma nova meta: a Igreja de S. Vicente de Fora. Segundo informação do Patriarcado de Lisboa, que tem aqui a sua sede, «a construção do Mosteiro de São Vicente de Fora teve início durante a união dinástica entre Portugal e Espanha, estando no trono Filipe I, e é um dos mais belos exemplares do maneirismo em Portugal. Neste lugar existia, desde 1147, um Mosteiro do mesmo nome, mandado construir por D. Afonso Henriques em agradecimento pela conquista de Lisboa aos Mouros nesse mesmo ano».


Terminada a visita, optámos pelo caminho mais longo e deambulante para regressarmos ao ponto de partida, no Largo do Correio-Mor, em frente ao Palácio dos Condes de Penafiel (sede da CPLP), que incluiu passagem pelo Largo do Salvador, engalanado com motivos das marchas populares e com um cheiro delicioso a grelhados, a antecipar os dias de festa que já aí estão.



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