18.10.19

De Braga a Melgaço pelo caminho mais belo

As Termas de Melgaço recebem, este fim-de-semana, a segunda edição da iniciativa Monção & Melgaço – The White Experience, que se afirma como «o maior encontro de vinhos brancos» que se realiza em Portugal. Para quem está a pensar em ir, nós damos a sugestão de um percurso que já fizemos. Não é rápido e não é por boas estradas, mas é de uma beleza que fica na memória. Venha daí...

Saímos de Braga em direcção a Rio Caldo, no concelho de Terras de Bouro, pela EN 103 e EN 304. Percebemos que fizemos bem em não termos ido pela autoestrada (note-se que a A3 termina em S. Pedro da Torre, município de Valença, ainda distante de Melgaço) quando começámos a descer o monte e a avistar o rio e as pontes.

Fizemos a primeira paragem no café mesmo junto à ponte, que tem uma esplanada panorâmica. Tivemos a sorte de estar bom tempo, mas já ali estivemos no Inverno e é muito relaxante estar mesmo em cima do rio a ver a chuva a bater nos vidros. Nas paredes do estabelecimento há imagens da construção das pontes, que vieram substituir as que existiam, quando a Barragem da Caniçada fez subir o nível da água. Recorde-se que o Município de Terras de Bouro já revelou a vontade de candidatar as pontes sobre o rio Cávado a património nacional.


A segunda paragem foi no Santuário de S. Bento da Porta Aberta, um importante centro de peregrinação. É, aliás, considerado «o segundo maior santuário português», a seguir a Fátima, «atraindo anualmente centenas de milhares de peregrinos». Foi elevado à categoria de Basílica a 21 de Março de 2015. A nível de edifícios, é composto por uma basílica (1895) e uma cripta (1998). Um detalhe distintivo deste local é um conjunto de bandeiras que lembra que S. Bento é padroeiro da Europa.



Deixámos um lugar com uma paisagem muito bonita para irmos para outro como uma vista ainda mais espectacular: o Miradouro da Pedra Bela (já tínhamos falado deste local aqui). A mais de 800 metros de altitude, daqui avista-se o vale do Gerês, a albufeira da Caniçada e as pontes de rio Caldo. Obrigatório.


Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, fomos até à Barragem de Vilarinho das Furnas, que atravessámos. A construção da barragem deixou submersa a aldeia de Vilarinho da Furna, em 1971. Ainda se conseguem ver os vestígios desta povoação quando o nível da água baixa substancialmente, o que não aconteceu nesta nossa visita.


Seguimos por uma estrada estreita a serpentear a montanha rumo a um restaurante surpreendente, “O Abocanhado”, em Brufe. Este é um restaurante requintado, num local ermo, com uma vista panorâmica soberba, que faz com que se queira prolongar a refeição tarde fora. Para ajudar a digestão, fica a sugestão de um passeio a pé pela pitoresca aldeia de Brufe, que «em 1706 não dava homens ao serviço militar, mas honrava o país na luta contra o invasor», como indica uma placa ali existente.



Com o tempo a fugir, fomos em direcção à Mata de Albergaria, o “coração” do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Percorremos a estrada que atravessa este importante bosque, cumprindo as regras estabelecidas para circular numa área que é reserva integral, de forma a evitar que a intervenção humana destrua o frágil equilíbrio do seu ecossistema. Para além de ter sido classificada pelo Conselho da Europa como uma das Reservas Biogenéticas do Continente Europeu, a Mata da Albergaria guarda um troço da Via Romana (Geira) e um importante conjunto de marcos miliários da antiga via que ligava Bracara Augusta a Astorga. Para quem gostar desta temática, no Campo de Gerês há o Museu da Geira.






Saímos de Portugal pela fronteira da Portela do Homem e entrámos em Lóbios (Espanha). Fomos até Torneiros, onde há uma “piscina” de água quente ao lado do rio e de um amplo espaço relvado propício para brincar ou descansar.


Depois de algumas aventuras, que incluíram resgatar uma bola de futebol do rio, seguimos pelas estradas espanholas em direcção a Portugal, mais precisamente ao Lindoso, onde vimos o seu castelo e o conjunto impressionante de espigueiros implantado nas imediações.



Voltámos a sair do país pela fronteira da Madalena para seguir por estradas espanholas até voltarmos a entrar em Portugal pela fronteira da Ameijoeira (Entrimo do lado galego) para passarmos em Castro Laboreiro. A visita foi demasiado rápida, por isso teve de ficar para outra ocasião a subida ao castelo roqueiro, um dos ex-libris da localidade.

A última etapa levou-nos até Melgaço, onde já não conseguimos encontrar nada aberto porque nos fomos demorando em cada sítio onde parámos.


Deliciámo-nos com a Festa do Alvarinho e do Fumeiro, que se costuma realizar no último fim-de-semana de Abril, e fomos dormir à Casa do Real (Pias, Monção), um espaço muito agradável, com obras de requalificação notáveis e com os proprietários de uma amabilidade inexcedível.



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