As Termas de Melgaço recebem, este
fim-de-semana, a segunda edição da iniciativa Monção &
Melgaço – The White Experience, que se afirma como «o maior
encontro de vinhos brancos» que se realiza em Portugal. Para quem
está a pensar em ir, nós damos a sugestão de um percurso que já
fizemos. Não é rápido e não é por boas estradas, mas é de uma
beleza que fica na memória. Venha daí...
Saímos de Braga em direcção a Rio
Caldo, no concelho de Terras de Bouro, pela EN 103 e EN 304.
Percebemos que fizemos bem em não termos ido pela autoestrada
(note-se que a A3 termina em S. Pedro da Torre, município de
Valença, ainda distante de Melgaço) quando começámos a descer o
monte e a avistar o rio e as pontes.
Fizemos a primeira paragem no café
mesmo junto à ponte, que tem uma esplanada panorâmica. Tivemos a
sorte de estar bom tempo, mas já ali estivemos no Inverno e é muito
relaxante estar mesmo em cima do rio a ver a chuva a bater nos
vidros. Nas paredes do estabelecimento há imagens da construção
das pontes, que vieram substituir as que existiam, quando a Barragem
da Caniçada fez subir o nível da água. Recorde-se que o Município
de Terras de Bouro já revelou a vontade de candidatar as pontes
sobre o rio Cávado a património nacional.
A segunda paragem foi no Santuário de
S. Bento da Porta Aberta, um importante centro de peregrinação. É,
aliás, considerado «o segundo maior santuário português», a
seguir a Fátima, «atraindo anualmente centenas de milhares de
peregrinos». Foi elevado à categoria de Basílica a 21 de Março de
2015. A nível de edifícios, é composto por uma basílica (1895) e
uma cripta (1998). Um detalhe distintivo deste local é um
conjunto de bandeiras que lembra que S. Bento é padroeiro da Europa.
Deixámos um lugar com uma paisagem
muito bonita para irmos para outro como uma vista ainda mais
espectacular: o Miradouro da Pedra Bela (já tínhamos falado deste
local aqui). A mais de 800 metros de altitude, daqui avista-se o vale
do Gerês, a albufeira da Caniçada e as pontes de rio Caldo.
Obrigatório.
Em pleno Parque Nacional da
Peneda-Gerês, fomos até à Barragem de Vilarinho das Furnas, que
atravessámos. A construção da barragem deixou submersa a aldeia de
Vilarinho da Furna, em 1971. Ainda se conseguem ver os vestígios
desta povoação quando o nível da água baixa substancialmente, o
que não aconteceu nesta nossa visita.
Seguimos por uma estrada estreita a
serpentear a montanha rumo a um restaurante surpreendente, “O
Abocanhado”, em Brufe. Este é um restaurante requintado, num local
ermo, com uma vista panorâmica soberba, que faz com que se queira
prolongar a refeição tarde fora. Para ajudar a digestão, fica a
sugestão de um passeio a pé pela pitoresca aldeia de Brufe, que «em
1706 não dava homens ao serviço militar, mas honrava o país na
luta contra o invasor», como indica uma placa ali existente.
Com o tempo a fugir, fomos em direcção
à Mata de Albergaria, o “coração” do Parque Nacional da
Peneda-Gerês. Percorremos a estrada que atravessa este importante
bosque, cumprindo as regras estabelecidas para circular numa área
que é reserva integral, de forma a evitar que a intervenção humana
destrua o frágil equilíbrio do seu ecossistema. Para além de ter
sido classificada pelo Conselho da Europa como uma das Reservas
Biogenéticas do Continente Europeu, a Mata da Albergaria guarda um
troço da Via Romana (Geira) e um importante conjunto de marcos
miliários da antiga via que ligava Bracara Augusta a Astorga. Para
quem gostar desta temática, no Campo de Gerês há o Museu da Geira.
Saímos de Portugal pela fronteira da
Portela do Homem e entrámos em Lóbios (Espanha). Fomos até
Torneiros, onde há uma “piscina” de água quente ao lado do rio
e de um amplo espaço relvado propício para brincar ou descansar.
Depois de algumas aventuras, que incluíram resgatar uma bola de futebol do rio, seguimos pelas estradas espanholas em direcção a Portugal, mais precisamente ao Lindoso, onde vimos o seu castelo e o conjunto impressionante de espigueiros implantado nas imediações.
Voltámos a sair do país pela
fronteira da Madalena para seguir por estradas espanholas até
voltarmos a entrar em Portugal pela fronteira da Ameijoeira (Entrimo
do lado galego) para passarmos em Castro Laboreiro. A visita foi demasiado
rápida, por isso teve de ficar para outra ocasião a subida ao
castelo roqueiro, um dos ex-libris da localidade.
A última etapa levou-nos até Melgaço,
onde já não conseguimos encontrar nada aberto porque nos fomos
demorando em cada sítio onde parámos.
Deliciámo-nos com a Festa do Alvarinho
e do Fumeiro, que se costuma realizar no último fim-de-semana de
Abril, e fomos dormir à Casa do Real (Pias, Monção), um espaço
muito agradável, com obras de requalificação notáveis e com os proprietários de uma amabilidade
inexcedível.
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