No miradouro de São Pedro de Alcântara, os olhares dos
turistas deslumbram-se com a beleza de Lisboa. Depois de se admirar o casario
que sobe até ao castelo e se espraia até ao Tejo, a atenção é atraída por um
edifício branco imponente, com uma fachada de igreja ao centro, que existe a
poucos passos, do outro lado da rua. O que será? Será que se pode visitar? Aproximamo-nos e a resposta surge facilmente: trata-se do Convento de S. Pedro de Alcântara e é visitável.
Um folheto da Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, responsável pelo imóvel desde 31 de Dezembro de 1833,
por decreto de D. Pedro, explica que a história deste convento remonta à
véspera da Batalha de Montes Claros (Guerra da Restauração), em 1665. Na
altura, o 1.º Marquês de Marialva e 3.º Conde de Cantanhede, D. António Luís de
Meneses, «fez um voto de erigir em Lisboa um convento dedicado a S. Pedro de
Alcântara se os portugueses vencessem essa batalha».
Segundo o mesmo material informativo, «D. Veríssimo de
Lencastre (1615-1692), Cardeal e Inquisidor-Mor do Reino, apoiou a fundação do
edifício com doações, tendo manifestado a vontade de ficar sepultado, em campa
rasa, neste convento». O seu irmão e sobrinho decidiram, em sua memória,
construir a Capela dos Lencastres.
Foi precisamente a Capela dos Lencastres que vimos em
primeiro lugar após a entrada no edifício, pois fica logo à direita. Como não
sabíamos o que íamos encontrar, ficámos maravilhados com este espaço, não muito
grande, mas profusamente decorado, «com mármores embutidos, ao gosto italiano».
Soubemos depois que esta é «considerada a jóia deste monumento».
Seguimos para o átrio da igreja, construída em 1681, onde
seis painéis setecentistas ilustram a caridade franciscana. Entrámos no templo,
sendo atraídos pelas pinturas gigantes emolduradas, pelos azulejos das paredes
laterais e pelos altares.
Através do folheto informativo, ficámos a saber que as
pinturas são da época joanina» e que os painéis de azulejaria barroca retratam
cenas da biografia de S. Pedro de Alcântara, numa «série única em Portugal».
Neste lugar de culto destacam-se ainda «os altares em talha dourada com
iconografia franciscana» e o «tecto pintado em “trompe l’oeil” pelo pintor
francês Pierre Bordes, em 1878».
Com pena de não vermos a sacristia e o coro-alto, que podem
ser percorridos nas visitas guiadas que existem nos primeiros domingos do mês
(está anunciada uma para 2 de Junho), às 10h30, como refere o prospecto, saímos
a interrogar-nos sobre quantos tesouros destes se podem encontrar na cidade de
Lisboa.
Nem de propósito, alguns dias depois, foi divulgada a
iniciativa “Open Conventos”, que durante três dias (23, 24 e 25 de Maio) abre
ao público 26 conventos e mosteiros de Lisboa, alguns dos quais já com outros
usos.
Sabia que a actual Assembleia da República, o Museu Nacional de Arte
Antiga, os Armazéns do Chiado, a Cervejaria Trindade, o quarteirão da Academia
de Belas Artes, o Comando Territorial de Lisboa da GNR ou o Museu Arqueológico
do Carmo já tiveram um passado como casas religiosas?
Organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa,
Patriarcado de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa e pela Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova, esta iniciativa inclui itinerários,
visitas guiadas (com inscrição prévia) e livres.
Veja o programa e
aproveite hoje o último dia do evento para percorrer gratuitamente esta parte
do nosso património, onde está incluído o Convento de S. Pedro de Alcântara,
que pode ver nas fotos que estão na página do Sempre Prontos para Passear no Facebook.
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