25.5.19

À descoberta do Convento de S. Pedro de Alcântara

No miradouro de São Pedro de Alcântara, os olhares dos turistas deslumbram-se com a beleza de Lisboa. Depois de se admirar o casario que sobe até ao castelo e se espraia até ao Tejo, a atenção é atraída por um edifício branco imponente, com uma fachada de igreja ao centro, que existe a poucos passos, do outro lado da rua. O que será? Será que se pode visitar? Aproximamo-nos e a resposta surge facilmente: trata-se do Convento de S. Pedro de Alcântara e é visitável. 


Um folheto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, responsável pelo imóvel desde 31 de Dezembro de 1833, por decreto de D. Pedro, explica que a história deste convento remonta à véspera da Batalha de Montes Claros (Guerra da Restauração), em 1665. Na altura, o 1.º Marquês de Marialva e 3.º Conde de Cantanhede, D. António Luís de Meneses, «fez um voto de erigir em Lisboa um convento dedicado a S. Pedro de Alcântara se os portugueses vencessem essa batalha».

Segundo o mesmo material informativo, «D. Veríssimo de Lencastre (1615-1692), Cardeal e Inquisidor-Mor do Reino, apoiou a fundação do edifício com doações, tendo manifestado a vontade de ficar sepultado, em campa rasa, neste convento». O seu irmão e sobrinho decidiram, em sua memória, construir a Capela dos Lencastres.

Foi precisamente a Capela dos Lencastres que vimos em primeiro lugar após a entrada no edifício, pois fica logo à direita. Como não sabíamos o que íamos encontrar, ficámos maravilhados com este espaço, não muito grande, mas profusamente decorado, «com mármores embutidos, ao gosto italiano». Soubemos depois que esta é «considerada a jóia deste monumento».


Seguimos para o átrio da igreja, construída em 1681, onde seis painéis setecentistas ilustram a caridade franciscana. Entrámos no templo, sendo atraídos pelas pinturas gigantes emolduradas, pelos azulejos das paredes laterais e pelos altares.

Através do folheto informativo, ficámos a saber que as pinturas são da época joanina» e que os painéis de azulejaria barroca retratam cenas da biografia de S. Pedro de Alcântara, numa «série única em Portugal». Neste lugar de culto destacam-se ainda «os altares em talha dourada com iconografia franciscana» e o «tecto pintado em “trompe l’oeil” pelo pintor francês Pierre Bordes, em 1878».

Com pena de não vermos a sacristia e o coro-alto, que podem ser percorridos nas visitas guiadas que existem nos primeiros domingos do mês (está anunciada uma para 2 de Junho), às 10h30, como refere o prospecto, saímos a interrogar-nos sobre quantos tesouros destes se podem encontrar na cidade de Lisboa.

Nem de propósito, alguns dias depois, foi divulgada a iniciativa “Open Conventos”, que durante três dias (23, 24 e 25 de Maio) abre ao público 26 conventos e mosteiros de Lisboa, alguns dos quais já com outros usos. 

Sabia que a actual Assembleia da República, o Museu Nacional de Arte Antiga, os Armazéns do Chiado, a Cervejaria Trindade, o quarteirão da Academia de Belas Artes, o Comando Territorial de Lisboa da GNR ou o Museu Arqueológico do Carmo já tiveram um passado como casas religiosas?

Organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Patriarcado de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa e pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, esta iniciativa inclui itinerários, visitas guiadas (com inscrição prévia) e livres.

Veja o programa e aproveite hoje o último dia do evento para percorrer gratuitamente esta parte do nosso património, onde está incluído o Convento de S. Pedro de Alcântara, que pode ver nas fotos que estão na página do Sempre Prontos para Passear no Facebook.


Sem comentários:

Enviar um comentário